terça-feira, 10 de julho de 2012

Symbolum Ignus.

Desde os tempos mais remotos da civilização o fogo sempre exerceu um papel importante nas atividades humanas. Não é de se estranhar toda a simbologia referente a este material "misterioso" e fascinante que de uma forma ou de outra, ainda faz parte dos nossos rituais. Fonte de calor e luz, não é difícil imaginar o benefício que trouxe aos seres humanos primitivos quando conseguiram reproduzi-lo à vontade. Não se sabe exatamente em qual momento histórico ocorreu essa descoberta, mas com certeza foi umas das que mais revolucionaram a vida humana. No plano físico, o fogo era um bem altamente precioso: o homem passou a poder se aquecer quando tinha frio; aquecer e amolecer os alimentos, além de livrá-los de micro-organismos - mesmo que sem sabê-lo - que causavam doenças, aumentando sua expectativa de vida; proteger-se mais eficazmente de predadores; enfim, tornou o homem mais seguro e protegido. Por conseguinte, esse sentimento de proteção trouxe uma influência emocional profundamente positiva. Imaginemos por um instante como viviam os homens ancestrais... caçavam durante o dia, correndo sérios riscos, para alimentar o seu bando, e tinham um medo frequente à noite, da noite, dos predadores... não deveria ser muito agradável viver dessa forma! A domesticação do fogo com certeza trouxe-lhes um sentimento de segurança inédito. Consequentemente, foi o início do seu despertar espiritual: com a chama aquecendo e dando segurança à sua moradia, a caverna, o homem primitivo prolongou seus momentos acordado noite adentro, proporcionando interação social, suas primeiras meditações e diálogos sobre as coisas em geral. Simultaneamente o fogo trazia o bem-estar do corpo físico e o fazia tomar consciência da sua dimensão espiritual e social. Nada mais perfeito e natural que o fogo se tornasse, com o braço do tempo, a base das primeiras religiões primitivas. Vemos diversos exemplos da importância do fogo: o zoroastrismo, ou "adoradores do fogo sagrado", viam na chama sagrada o Ahura Mazda, o anjo da luz e do bem; no antigo Egito, havia uma chama sagrada nos templos que não podia de forma alguma ser apagada, pois representaria um sinal de maldição e de vitória das forças do mal; na Grécia antiga, a chama olímpica, o culto a Héstia, deusa do fogo; em Roma, o culto a Vesta, e suas guardiãs do fogo, as vestais. Até nos dias de hoje esse "eco" ainda é ouvido. Em praticamente todas as religiões a simbologia do fogo está presente de alguma forma: candelabros, círios, velas, lâmpadas a óleo, incensos..., etc. O simbolismo é o mesmo: representar a luz cósmica e divina no plano terreno. Além do mais, há um outro aspecto tradicional relativo ao fogo: purificação, regeneração e transmutação. O fogo é um agente que pode consumir um vasto número de substâncias materiais. Ele é o elemento capaz de transmutar totalmente uma forma de matéria em outra, reduzindo-as a cinzas ou vapor. É utilizado para limpar e purificar objetos ou locais, pois nenhuma impureza mineral ou orgânica resite à sua ação. Por isso, era o elemento base da alquimia, que originou a química moderna. Essa alquimia material era a contraparte da alquimia espiritual, na purificação gradativa da alma humana.

2 comentários:

Um outro dia disse...

"As aulas de história seriam bem mais eficaz e interessante se fossem assim".
Fico feliz que o "meu" portal do conhecimento da internet tenha voltado. . Bom voltou?! Aposto que ainda tem muito conhecimentos para ser transmitido!

Anônimo disse...

É fogo!!! "Alquimia material X espiritual" ... q tenha a alma purificada! Tb