terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

São Francisco de Vinicius de Moraes

Juro que não é papo de saudosista que acha que as coisas de antigamente são sempre melhores que as atuais! Mas convenhamos... neste caso, era muito melhor! Em 1980, passou o especial "A Arca de Noé" em comemoração ao dia das crianças daquele ano. Vários músicos, em especial Toquinho, se juntaram e musicaram alguns poemas infantis do Vinicius - alguns deles o próprio já havia musicado - e fez-se esse clássico, para mim a melhor obra musical infantil já criada no Brasil. Para quem não conhece, analisem o "peso" da obra: poemas de Vinicius de Moraes, executados por Elis Regina, Marina, Boca Livre, MPB-4, Moraes Moreira, As Frenéticas, Toquinho, Clara Nunes (Arca de Noé 2)... Cá entre nós, era muito melhor o nível das músicas que as crianças ouviam. Acho que hoje em dia só a Bia Bedran faz música inteligente para crianças. Se souberem de outros comentem.
Ah! Não citei um cantor de "peso" propositalmente, pois gostaria que vocês o assistissem agora!

Quem é o dono da pureza do ar e do resplendor da água?

Caros leitores. Em 1991 me deparei com um livro sobre os índios - infelizmente não lembro o nome do livro - e havia uma carta que achei uma das mais lúcidas mensagens sobre o cuidado com a natureza que já li. Imaginei que estivesse no livro "Enterrem meu coração na curva do rio", mas já investiguei e lá não está. Aliás, todos deveriam ler este clássico sobre a história do massacre aos índios norte-americanos. É o que podemos chamar de "síndrome do emputecimento progressivo", pois a raiva se torna crescente a medida que as páginas vão sendo lidas e nos mostrando tanta crueldade e covardia.
Esta carta que aqui transcrevo, e que a achei depois de tanto tempo, foi escrita pelo índio Seathl, da tribo Duwamish, ao então 14° presidente dos EUA, Franklin Pierce, após uma oferta de compra das terras da tribo em 1855. Que retumbe gravemente nos ouvidos de todos os homens 157 anos depois!

QUEM É O DONO DA PUREZA DO AR E DO RESPLENDOR DA ÁGUA?

O grande chefe de Washington mandou dizer que deseja comprar a nossa terra.
O grande chefe assegurou-nos também de sua amizade. Isto é gentil de sua parte, pois
sabemos que ele não necessita da nossa amizade. Porém, vamos pensar em tua oferta, se
não o fizermos, o homem branco virá com armas e tomará nossa terra. O grande chefe
em Washington pode confiar no que o chefe Seathl diz, com a mesma certeza com que
os nossos irmãos brancos podem confiar na alternação das estações do ano. Minha
palavra é como as estrelas – elas não empalidecem.
Como podes comprar ou vender o céu, o calor da terra? Tal idéia é-nos
estranha. Nós não somos donos da pureza do ar ou do resplendor da água. Como podes
então comprá-los de nós? Decidimos apenas sobre o nosso tempo. Toda esta terra é
sagrada para o meu povo. Cada folha reluzente, todas as praias arenosas, cada véu de
neblina nas florestas escuras, cada clareira e todos os insetos a zumbir são sagrados nas
tradições e na consciência do meu povo.
Sabemos que o homem branco não compreende o nosso modo de viver. Para
ele um torrão de terra é igual a outro. A terra não é sua irmã, mas sim sua inimiga e,
depois de exauri-la, ele vai embora. Deixa para trás o túmulo dos seus pais, sem
remorsos de consciência. Rouba a terra dos seus filhos. Nada respeita. Esquece a
sepultura dos antepassados e o direito dos filhos. Sua ganância empobrecerá a terra e vai
deixar atrás de si os desertos. A vista de tuas cidades é um tormento para os olhos do
homem vermelho. Mas talvez isso seja assim por ser o homem vermelho um selvagem
que nada compreende.
Não se pode encontrar a paz nas cidades do homem branco. Nem um lugar
onde se possa ouvir o desabrochar da folhagem da primavera ou o tinir das asas de
insetos. E que espécie de vida é aquela em que o homem não pode ouvir a voz do corvo
noturno ou a conversa dos sapos no brejo, à noite? Um índio prefere o suave sussurro do
vento sobre o espelho da água e o próprio cheiro do vento, purificado pela chuva do
meio-dia e com aroma de pinho. O ar é precioso para o homem vermelho. Porque todos
os seres vivos respiram o mesmo ar – animais, árvores, homens. Não parece que o
homem branco se importe com o ar que respira.
Se eu me decidir a aceitar, imporei uma condição: o homem branco deve tratar
os animais como se fossem seus irmãos. Sou um selvagem e não compreendo que possa
ser certo de outra forma. Vi milhares de bisões apodrecendo nas pradarias abandonados
pelo homem branco, que os abatia a tiros disparados do trem. Nós, os índios, matamos
apenas para sustentar nossa própria vida. O que é o homem sem os animais? Se todos os
animais acabassem, os homens morreriam de solidão espiritual porque tudo quanto
acontece aos animais pode também afetar os homens. Tudo está relacionado entre si.
Tudo quanto fere a terra, fere também os filhos da terra.
Os nossos filhos viram seus pais humilhados na derrota. Os nossos guerreiros
sucumbem sob o peso da vergonha. Não tem grande importância onde passaremos os
nossos últimos dias – eles não são muitos. Mais algumas horas, até mesmo uns
invernos, e nenhum dos filhos das grandes tribos que viveram nesta terra sobrará para
chorar, sobre os túmulos, um povo que um dia foi tão poderoso e cheio de confiança,
como o nosso.
De uma coisa sabemos que o homem branco talvez venha um dia a descobrir: o
nosso Deus é o mesmo Deus! Julgas, talvez, que o podes possuir da mesma maneira
como desejas possuir a nossa terra. Mas não o podes. Ele é Deus da humanidade inteira.
E quer bem igualmente ao homem vermelho como ao branco. A terra é amada por Ele.
E causar dano à terra é demonstrar desprezo pelo seu Criador. O homem branco também
vai desaparecer talvez mais depressa do que as outras raças. Continua poluindo a tua
própria cama e hás de morrer uma noite, sufocado nos teus próprios dejetos! Depois de
abatido o último bisão e domados todos os cavalos selvagens, quando as matas
misteriosas federem à gente, onde ficarão então os sertões? Terão acabado. E as águas?
Terão ido embora. Restará o adeus à andorinha da torre e à caça, o fim do viver e o
começo da luta para sobreviver.
Talvez compreenderíamos se conhecêssemos com o que sonha o homem
branco. Mas nós somos selvagens. Os sonhos do homem branco são ocultos para nós. E
por serem ocultos, temos de escolher o nosso próprio caminho. Se consentirmos, é para
garantir as reservas que nos prometeste. Lá talvez possamos viver os últimos dias
conforme desejamos. Depois que o último homem vermelho tiver partido e sua
lembrança não passar da sombra de uma nuvem a pairar acima das pradarias, a alma do
meu povo continuará a viver nestas florestas e praias, porque nós os amamos como um
recém-nascido ama o bater do coração de sua mãe. Se te vendermos a nossa terra, ama-a
como nós a amávamos. Protege-a como nós a protegíamos. Nunca esqueças como era a
terra quando dela tomaste posse. E com toda a tua força, o teu poder e todo o teu
coração – conserva-a para teus filhos e ama-a como Deus nos ama a todos. Uma coisa
sabemos: o nosso Deus é o mesmo Deus. Esta terra é querida por Ele. Nem mesmo o
homem branco pode evitar o nosso destino comum”.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

L'art du silence. Marcel Marceau, le Bip.

Com um misto de otimismo e realismo, creio que o mundo se tornará melhor. Ao analisarmos as histórias de vida dos gênios, percebemos que são marcadas por profundos sofrimentos, mas utilizados como trampolim para a elegância, a beleza e a criatividade. Tomara que o nosso caótico mundo contemporâneo siga esse mesmo padrão. Oxalá possa toda essa zona se transformar em um lugar de paz e genialidade!
Eis mais um exemplo: Marcel Mangel, mais conhecido como Marcel Marceau. Nascido em Estrasburgo, França, em 22 de março de 1923. Oriundo de família judia, teve de fugir aos 16 anos devido a guerra. Seu pai, um açougueiro, foi morto em Auschiwitz. Em Lille, juntou-se às Forças Francesas Livres e devido seu domínio na língua inglesa, trabalhou como oficial de ligação do exército de Patton.
Após a guerra, atraiu-lhe o gosto pelo teatro, inspirado em Chaplin. Matriculou-se em 1946 na escola de arte dramática de Charles Dullin no Teatro Sarah Bernhardt em Paris, onde estudou com professores como Charles Dullin e o grande mestre Étienne Decroux, que tinha ensinado também a Jean-Louis Barrault. Marcel muda seu sobrenome para Marceau a fim de evitar perseguições quanto ao seu nome judeu. Barrault o integra em sua companhia, e em sua primeira apresentação no papel de Arlequim na pantomima Baptiste, foi tão elogiado que ganhou outros papéis como mímico, o consolidando nesse estilo.
Em 1947 Marceau criou Bip, o palhaço de cara pintada, que em seu casaco listrado e surrado, chapéu de ópera de seda com uma flor espetada - significando a fragilidade da vida - tornou-se seu alter-ego, exatamente como o Vagabundo de Chaplin. As desventuras de Bip interagindo com tudo, desde borboletas a leões, de navios a trens, nos salões ou nos restaurantes, eram ilimitadas. Com uma pantomima de estilo, Marceau foi reconhecido como fora de série. Seus exercícios silenciosos, que incluíam trabalhos clássicos como A Gaiola, Andando de Encontro ao Vento (que inspirou o passo de dança Moonwalk de Michael Jackson), o Fabricante de Máscara e No Parque, também sátiras de tudo, desde escultores a matadores, foram descritos como trabalhos de gênio. De sua soma das idades no famoso Juventude, Maturidade, Velhice e Morte, um crítico disse, faz em menos de dois minutos o que maioria dos escritores não fazem em volumes.
Após uma excursão pelos Estados Unidos sua carreira decolou. Excursionou por todo o mundo, atuou em diversos filmes e programas de televisão. Criou sua própria escola de mímica em 1978.
O governo francês conferiu a Marceau sua honra mais elevada, fazendo dele "Oficial da Legião de Honra", e em 1978 recebeu o "Medaille Vermeil de la Ville de Paris". Em novembro de 1998, o presidente Chirac nomeou Marceau à grande "Oficial Nacional da Ordem ao Mérito"; e era um membro eleito da Academia de Belas Artes de Berlim, Academia de Belas Artes de Munique, Academia de Belas Artes do Institute de France. Marceau recebeu também o título de Doutor Honoris Causa da Universidade do Estado de Ohio, da Linfield College, da Universidade de Princeton e da Universidade de Michigan.
Em 1999 a cidade de Nova Iorque estabeleceu o dia 18 de março como o "Dia de Marcel Marceau". Marceau aceitou a honra e as responsabilidades de servir como Embaixador da Boa Vontade das Nações Unidas para o Envelhecimento, em assembléia da entidade ocorrida em Madri, Espanha, em abril de 2002.
Faleceu em 26 de setembro de 2007 aos 84 anos por motivos não revelados pela família.
Obrigado, Mime, por ter nos dado tanta elegância, sutileza e beleza através de tanto silêncio.



sábado, 18 de fevereiro de 2012

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

A Arte da Prudência - Um Oráculo Manual. Baltasar Gracián.

Tal como A Arte da Guerra de Sun Tzu, O Príncipe de Maquiavel, O Tao Te Ching de Lao Tse, este é um livro fascinante a respeito de sabedoria, diligência, trato pessoal e poder. Pouco conhecido no Brasil, estranhamente, pois segundo a Barsa é "o mais importante prosador espanhol do séc. XVI", Baltasar Gracián nasceu em Belmont de Calatayud em 8 de janeiro de 1601. Foi ingresso muito novo na Companhia de Jesus e em 1640 já era reitor dos colégios Jesuítas de Terragona e Valência. Escreveu varios livros, mas A Arte da Prudência pode ser considerado sua obra prima. Desde o séc. XVII tem sido traduzido e comentado em muitas línguas, sempre com admiração e louvor. Foi imitado por La Rochefoucauld, apreciado por muitos filósofos, entre eles Nietzsche, que afirmou que a "Europa nunca produziu nada mais refinado"; Schopenhauer o considerava "absolutamente único". Atemporal, não se dirige especificamente ao príncipe ou o cortesão, como a obra de Maquiavel, mas a qualquer homem, sem classe social definida.
Universal, indico a todos lerem esse livro com seus 300 aforismos espetaculares. Eis alguns:

5 - Criar dependência.: "Faz-se um Deus não adornando uma estátua, mas adorando-a. O sagaz prefere necessitados de si do que agradecidos. A gratidão vulgar vale menos do que a esperança cortês, pois a esperança tem boa memória e a gratidão é esquecida(...)"
7 - Não eclipsar o patrão.: " Toda derrota provoca ódio, e superar o chefe tanto é tolo quanto fatal. A supremacia é sempre detestada, em especial pelos superiores. O sábio deve ocultar as vantagens comuns, assim como se disfarça a beleza com um toque de desalinho. A muitos não incomoda ser superado em riqueza, caráter ou temperamento, mas ninguém, em especial um soberano, gosta que lhe excedam em inteligência. Trata-se, afinal do maior dos atributos, e qualquer crime contra ele constitui lesa-majestade.(...)Os príncipes gostam de ser ajudados, mas não sobrepujados. Ao aconselhá-lo, faça-o como se o lembrasse de algo esquecido, não como se acendesse a luz que ele é incapaz de ver. Os astros nos ensinam tal sutileza. São filhos e brilhantes, mas nunca rivalizam com o Sol."
19 - Não despertar expectativas.: "Aquilo que é muito celebrado raramente preenche a grande expectativa. Nunca o real pode alcançar o imaginado, porque devanear perfeições é fácil, difícil é consegui-las. O casamento da imaginação com o desejo concebe coisas sempre muito melhores do que elas são de fato.(...)Certa dose de crédito inicial deve servir para despertar curiosidade, não para empenhar o objeto. É muito melhor quando a realidade supera as expectativas, e algo se revela melhor do que imaginamos a princípio. Esta regra não vale para as coisas ruins: quando se exagera um mal, ao conhecer a realidade, aplaude-se. O que se temia como desastroso passa a ser tolerável."
28 - Não ser vulgar em nada.: "Sobretudo no gosto. Sábio é aquele que fica descontente quando suas coisas agradam a muitos! As pessoas sensatas nunca se satisfazem com aplausos comuns. Alguns são tão camaleões da popularidade que preferem o sopro vulgar da multidão do que as suavíssimas brisas de Apolo. Também não seja vulgar no discernimento. Não aprecie os milagres do vulgo, pois não passam de charlatanismo. A multidão se encanta com a tolice e não presta qualquer atenção a um bom conselho."
48 - Está mais próximo de se tornar uma verdadeira pessoa aquele que tem profundidade.: "O interior é mais importante do que o exterior. Alguns sujeitos são fachada só, a exemplo de uma casa inacabada por falta de dinheiro. Apresentam a entrada de um palácio mas o interior de choça. Tais sujeitos não lhe oferecem um lugar onde parar, embora estejam sempre em repouso, pois, concluídas as primeiras saudações, a conversa se acaba. Pavoneiam-se durante as cortesias iniciais como cavalos sicilianos, mas logo param em silêncio. As palavras se esgotam quando não são respostas pelas perenes fontes de inteligência. Tais pessoas enganam com facilidade aqueles que são também superficiais, mas não os perspicazes, que olham seu íntimo e o encontram vazio."
65 - Gosto elevado.: "O gosto exige cultivo, assim como o intelecto. Sua compreensão estimula o apetite e o desejo e, mais tarde, aviva o deleite de sua posse. Conhecemos a grandeza do talento de alguém por suas aspirações. Só algo grande pode satisfazer uma grande capacidade. Bocados grandes são para grandes paladares, assuntos elevados, para caracteres elevados. Até os mais valentes temem ante o seu julgamento, e os mais perfeitos perdem a autoconfiança. Poucas são as coisas de primeira magnitude(...) Mas não se declare descontente com tudo; trata-se da extrema tolice, mais odiosa quando por afetação do que por verdadeiro desagrado(...)"
72 - Ser decidido.: " A má execução prejudica menos que a indecisão. A estagnação estraga mais as coisas que o movimento.(...)"
84 - Saber usar seus inimigos.: "Não segure a arma pela lâmina, que será ferido, mas pelo cabo que o defenderá. E isto vale também para a competição. Quem é prudente considera os inimigos mais úteis do que o tolo considera os amigos. Pode a malevolência aplainar montanhas de dificuldades que o favor não se atreveu a enfrentar. Muitos devem sua grandeza aos inimigos. A lisonja é mais traiçoeira que o rancor, pois o rancor corrige os defeitos que a lisonja encobre. O homem prudente transforma a ojeriza em espelho, mais confiável que o do afeto, pois o ajuda a reduzir os defeitos ou corrigi-los. Deve-se ter muita cautela quando se vive lado a lado com a emulação e malevolência.
87 - Cultura e esmero.: "O homem nasce bárbaro. Redime-se da condição de besta cultivando-se. A cultura nos transforma em pessoas; e tanto mais, quanto maior for a cultura. Por isso a Grécia pode chamar o resto do mundo de bárbaro. A ignorância é rude e grosseira. E até a sabedoria é áspera quando carece de polimento. Não é apenas a inteligência que devemos apurar, mas também nossos desejos e principalmente nossa conversa.(...)"
123 - Não ser afetado.: "Quanto mais talentoso menos afetação. Trata-se de um defeito vulgar, que desmerece e é tão maçante aos outros quanto é incômodo a quem pratica.(...)
129 - Nunca se queixar.: "A queixa sempre traz descrédito. E, em vez de compaixão e consolo, exalta a paixão e a arrogância, encorajando aos que ouvem nossas queixas e nos aflige também. Uma vez divulgadas, as ofensas que nos foram feitas parecem justificar que se cometam outras.(...) A melhor política é elogiar os favores que alguns lhe fizeram, de modo a ganhar ainda mais dos outros. Comentar como os ausentes o favoreceram é como pedir aos presentes que façam o mesmo, e paguem na mesma moeda. O prudente não deve jamais divulgar o descrédito ou as desfeitas, apenas o apreço que outros lhe têm demonstrado. Assim, retém os amigos e contém os inimigos."

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Homem de Bem.

Essa é rapidinha... músico e compositor da minha cidade - Niterói - Tomaz Lima é especial. Conhecido com Homem de Bem, esse musicoterapeuta tem um lema excelente:"Todos nós sabemos da importância do que comemos. Precisamos agora despertar para a importância do que ouvimos". Salve, Homem de Bem! Escutem com o coração!

Kraftwerk

Marco da música. Precursores do techno, eletro e dance music em geral. Fundada por Florian Schneider e Ralf Hütter em 1970, o Kraftwerk - usina de energia em alemão - inventou um estilo de música inteiramente tocada por meio de sintetizadores. As técnicas que o grupo introduziu, assim como os equipamentos desenvolvidos por eles, são elementos comuns na música moderna. A banda tem sido considerada por alguns como tão influentes quanto os Beatles na sua participação na música popular na segunda metade do século XX. A galera mais velha deve se lembrar que nas reportagens televisivas sobre tecnologia nos anos 80 e início dos 90 sempre havia essas musicas ilustrando-as. Ouçam, é genial!


sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Cole Porter - Let´s do it em dois momentos.

Nascido em uma família abastada de Indiana, nos EUA, seu avô era um dos homens mais ricos do estado, e tinha grandes planos para a vida do neto. Para variar, não quis nada daquilo, e se tornou um dos maiores nomes do jazz norte americano. Aos 36 anos, escreveu a trilha para o espetáculo "Paris—Let's Do It, Let's Fall in Love", sucesso absoluto na Broadway. A música homônima da peça é uma das suas mais conhecidas, executada através de gerações. Ouçam-na em dois momentos, cantada por "pesos-pesados".

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Haikai.

O Haikai é uma composição poética japonesa surgida no século XVI. Intrinsecamente ligada ao zen-budismo e taoismo, expressa um insight (visualização/iluminação) ou uma imagem da natureza - na grande maioria dessas poesias. São breves e concisas, têm três linhas, contendo na primeira e na última cinco caracteres japoneses (totalizando sempre cinco sílabas), e sete caracteres na segunda linha (sete sílabas), enquanto em língua portuguesa geralmente aparecem em três linhas em paralelo. O Haikai em geral é como uma fotografia que registra um simples momento, sensação, impressão ou drama de um fato específico da natureza, sempre cercado de sinceridade, pureza e simplicidade. Não costuma haver posicionamento do poeta, pois é preferencialmente uma descrição do presente evitando comparações ou conceitos do tipo: isso é belo ou feio,bom ou mau, etc... evitando o aparecimento das fraquezas do ser humano perante a natureza.
Um dos grandes poetas do Haikai (ou haijin) é Matsuo Bashô, que viveu no Japão entre 1644 e 1694. Sua poesia é reconhecida internacionalmente e dentro do Japão. Muitos dos seus poemas são reproduzidos em monumentos e locais tradicionais. Foi ele quem codificou e estabeleceu os cânones do tradicional haikai japonês. Ganhava a vida como professor, mas renunciou à vida urbana e social dos círculos literários e foi vagar por todo o país para ganhar inspiração para seus escritos e Haikais.
Para nós ocidentais, a princípio, parece algo muito simples...e na verdade é muito simples, mas a intenção é a meditação e a contemplação. Eu particularmente acho de extrema beleza e elegância. Peço que leiam alguns com a mente serena para que busquem a verdadeira essência do Haikai.

Ao sol da manhã
uma gota de orvalho
precioso diamante.

Matsuo Bashô

Já é primavera:
Uma colina sem nome
Sob a névoa da manhã.

Matsuo Bashô

Quietude
O barulho do pássaro
Pisando em folhas secas.

Ryushi

Passo a passo
sobre a montanha no verão -
de repente o mar.

Issa

Silêncio:
cigarras escutam
o canto das rochas

Matsuo Bashô

Vamo-nos, vejamos
a neve caindo
de fadiga.

Matsuo Bashô

Num atalho da montanha
Sorrindo
uma violeta

Matsuo Bashô

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Benjamim Biolay.

Deparei outro dia com este cantor francês assistindo o Canalplus e gostei do som. Seu nome é Benjamim Biolay e mescla os estilos pop, rock e nouvelle chanson. Foi casado por três anos com a filha do Marcello Mastroianni, e participou junto com a cantora Karen Ann de um trabalho que resultou em quatro músicas do álbum Chambre Avec Vue do nosso conhecido Henri Salvador, o jazzista que é considerado por muitos o precursor da Bossa Nova. Conta com dez álbuns em sua carreira, que despontou em 96, quando assinou seu contrato com a EMI.
Vejam e ouçam.

Hora do almoço no arranha-céu.

Charles Clyde Ebbets foi um conhecido fotógrafo nos Estados Unidos na década de 30. Em 1932 foi nomeado diretor fotográfico do Rockfeller Center, quando estava sendo construído em Nova Iorque. Era a época da construção de vários dos famosos arranha-céus, e o trabalho denominado Lunchtime atop a Skyscraper foi um marco em sua carreira. É vertiginoso! Vendo essas imagens de raríssima beleza fica até difícil de perceber a realidade cruel para os operários - devemos lembrar que há época dessas fotos os EUA passavam pela Grande Depressão - que não contavam com nenhum dos atuais equipamentos básicos de segurança. Imaginemos o que passavam aqueles homens..., os riscos de acidentes a que eram submetidos para a construção dessas obras megalômanas. Vejam as fotos com carinho!

Essa primeira foto é o próprio Charles Ebbets tirada por seu auxiliar neste ensaio.
















quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

De todas as obras das sete belas artes que já tive o prazer de conhecer, eis a que mais me emociona: a Nona Sinfonia de Beethoven. Não sei bem o porquê e também não tento entender, já que emoção não se explica, se sente. Acho essa música o máximo ao que um artista chegou. Está impregnada de júbilo, de libertação, de alegria. Por ser a última sinfonia do conturbado Beethoven, talvez tenha um quê de libertação dele mesmo, de sua profundidade.
Escrita entre 1822 e 1824 - três anos antes de sua morte, 26 de março de 1827 - é considerada por muitos sua maior obra. Foi a primeira sinfonia cantada, por isso foi denominada Coral. A parte cantada do 4° ato é uma trecho do poema de Friedrich Schiller, An Die Freude (À alegria). Foi apresentada pela primeira vez em 7 de maio de 1824 Kärntnertortheater, em Viena, na Áustria.
A sinfonia inteira é linda, mas o quarto movimento é esplendoroso. Inicia-se com extrema leveza, revelando sutilmente os acordes do momento principal, como uma anunciação. À hora dos cantores solistas e do coral é grandiosa. Entra o tenor com os primeiros versos com inserções do coral...mas quando a soprano entra é arrepiante. Há uma pausa... a música torna-se quase uma marcha marcial, preludiando a grandiosa conclusão da Ode à Alegria.
Sem palavras exatas para maiores descrições...apenas ouçam e sintam!



Letra em Alemão
O Freunde, nicht diese Töne!
Sondern laßt uns angenehmere
anstimmen und freudenvollere.
Freude! Freude!
Freude, schöner Götterfunken
Tochter aus Elysium,
Wir betreten feuertrunken,
Himmlische, dein Heiligtum!
Deine Zauber binden wieder
Was die Mode streng geteilt;
Alle Menschen werden Brüder,
Wo dein sanfter Flügel weilt.
Wem der große Wurf gelungen,
Eines Freundes Freund zu sein;
Wer ein holdes Weib errungen,
Mische seinen Jubel ein!
Ja, wer auch nur eine Seele
Sein nennt auf dem Erdenrund!
Und wer's nie gekonnt, der stehle
Weinend sich aus diesem Bund!
Freude trinken alle Wesen
An den Brüsten der Natur;
Alle Guten, alle Bösen
Folgen ihrer Rosenspur.
Küsse gab sie uns und Reben,
Einen Freund, geprüft im Tod;
Wollust ward dem Wurm gegeben,
Und der Cherub steht vor Gott.
Froh, wie seine Sonnen fliegen
Durch des Himmels prächt'gen Plan,
Laufet, Brüder, eure Bahn,
Freudig, wie ein Held zum Siegen.
Seid umschlungen, Millionen!
Diesen Kuß der ganzen Welt!
Brüder, über'm Sternenzelt
Muß ein lieber Vater wohnen.
Ihr stürzt nieder, Millionen?
Ahnest du den Schöpfer, Welt?
Such' ihn über'm Sternenzelt!
Über Sternen muß er wohnen.

Letra em Português

Ó, amigos, mudemos de tom!
Entoemos algo mais prazeroso
E mais alegre!
Alegria, formosa centelha divina,
Filha do Elíseo,
Ébrios de fogo entramos
Em teu santuário celeste!
Tua magia volta a unir
O que o costume rigorosamente dividiu.
Todos os homens se irmanam
Ali onde teu doce vôo se detém.
Quem já conseguiu o maior tesouro
De ser o amigo de um amigo,
Quem já conquistou uma mulher amável
Rejubile-se conosco!
Sim, mesmo se alguém conquistar apenas uma alma,
Uma única em todo o mundo.
Mas aquele que falhou nisso
Que fique chorando sozinho!
Alegria bebem todos os seres
No seio da Natureza:
Todos os bons, todos os maus,
Seguem seu rastro de rosas.
Ela nos deu beijos e vinho e
Um amigo leal até a morte;
Deu força para a vida aos mais humildes
E ao querubim que se ergue diante de Deus!
Alegremente, como seus sóis voem
Através do esplêndido espaço celeste
Se expressem, irmãos, em seus caminhos,
Alegremente como o herói diante da vitória.
Abracem-se milhões!
Enviem este beijo para todo o mundo!
Irmãos, além do céu estrelado
Mora um Pai Amado.
Milhões, vocês estão ajoelhados diante Dele?
Mundo, você percebe seu Criador?
Procure-o mais acima do Céu estrelado!
Sobre as estrelas onde Ele mora!

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

O Pequeno Nicolau

Indico a todos este filme "água com açúcar" que achei muito bom, O Pequeno Nicolau (Le Petit Nicolas). Inspirado na obra homônima de Jean-Jacques Sempé e René Goscinny (um dos criadores do Astérix, e também um dos roteiristas), trata dos medos infantis vindos da compreensão deturpada das conversas entre adultos. Nicolau entende de forma errada uma conversa entre seus pais e imagina que um irmãozinho iminente fará com que aqueles o abandonem na floresta. Inicia-se então um plano com seus amigos da escola - muito figuras, engraçadíssimos - para sequestrar o irmãozinho vindouro de Nicolau, entremeados por situações hilárias paralelas.
Dirigido em 2009 por Laurent Tirard e estrelado por Maxime Godart no papel principal é um excelente divertimento sem tiros, dramas, tragédias e outras mazelas. Confiram.