quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Haikai.

O Haikai é uma composição poética japonesa surgida no século XVI. Intrinsecamente ligada ao zen-budismo e taoismo, expressa um insight (visualização/iluminação) ou uma imagem da natureza - na grande maioria dessas poesias. São breves e concisas, têm três linhas, contendo na primeira e na última cinco caracteres japoneses (totalizando sempre cinco sílabas), e sete caracteres na segunda linha (sete sílabas), enquanto em língua portuguesa geralmente aparecem em três linhas em paralelo. O Haikai em geral é como uma fotografia que registra um simples momento, sensação, impressão ou drama de um fato específico da natureza, sempre cercado de sinceridade, pureza e simplicidade. Não costuma haver posicionamento do poeta, pois é preferencialmente uma descrição do presente evitando comparações ou conceitos do tipo: isso é belo ou feio,bom ou mau, etc... evitando o aparecimento das fraquezas do ser humano perante a natureza.
Um dos grandes poetas do Haikai (ou haijin) é Matsuo Bashô, que viveu no Japão entre 1644 e 1694. Sua poesia é reconhecida internacionalmente e dentro do Japão. Muitos dos seus poemas são reproduzidos em monumentos e locais tradicionais. Foi ele quem codificou e estabeleceu os cânones do tradicional haikai japonês. Ganhava a vida como professor, mas renunciou à vida urbana e social dos círculos literários e foi vagar por todo o país para ganhar inspiração para seus escritos e Haikais.
Para nós ocidentais, a princípio, parece algo muito simples...e na verdade é muito simples, mas a intenção é a meditação e a contemplação. Eu particularmente acho de extrema beleza e elegância. Peço que leiam alguns com a mente serena para que busquem a verdadeira essência do Haikai.

Ao sol da manhã
uma gota de orvalho
precioso diamante.

Matsuo Bashô

Já é primavera:
Uma colina sem nome
Sob a névoa da manhã.

Matsuo Bashô

Quietude
O barulho do pássaro
Pisando em folhas secas.

Ryushi

Passo a passo
sobre a montanha no verão -
de repente o mar.

Issa

Silêncio:
cigarras escutam
o canto das rochas

Matsuo Bashô

Vamo-nos, vejamos
a neve caindo
de fadiga.

Matsuo Bashô

Num atalho da montanha
Sorrindo
uma violeta

Matsuo Bashô

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