sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

L'art du silence. Marcel Marceau, le Bip.

Com um misto de otimismo e realismo, creio que o mundo se tornará melhor. Ao analisarmos as histórias de vida dos gênios, percebemos que são marcadas por profundos sofrimentos, mas utilizados como trampolim para a elegância, a beleza e a criatividade. Tomara que o nosso caótico mundo contemporâneo siga esse mesmo padrão. Oxalá possa toda essa zona se transformar em um lugar de paz e genialidade!
Eis mais um exemplo: Marcel Mangel, mais conhecido como Marcel Marceau. Nascido em Estrasburgo, França, em 22 de março de 1923. Oriundo de família judia, teve de fugir aos 16 anos devido a guerra. Seu pai, um açougueiro, foi morto em Auschiwitz. Em Lille, juntou-se às Forças Francesas Livres e devido seu domínio na língua inglesa, trabalhou como oficial de ligação do exército de Patton.
Após a guerra, atraiu-lhe o gosto pelo teatro, inspirado em Chaplin. Matriculou-se em 1946 na escola de arte dramática de Charles Dullin no Teatro Sarah Bernhardt em Paris, onde estudou com professores como Charles Dullin e o grande mestre Étienne Decroux, que tinha ensinado também a Jean-Louis Barrault. Marcel muda seu sobrenome para Marceau a fim de evitar perseguições quanto ao seu nome judeu. Barrault o integra em sua companhia, e em sua primeira apresentação no papel de Arlequim na pantomima Baptiste, foi tão elogiado que ganhou outros papéis como mímico, o consolidando nesse estilo.
Em 1947 Marceau criou Bip, o palhaço de cara pintada, que em seu casaco listrado e surrado, chapéu de ópera de seda com uma flor espetada - significando a fragilidade da vida - tornou-se seu alter-ego, exatamente como o Vagabundo de Chaplin. As desventuras de Bip interagindo com tudo, desde borboletas a leões, de navios a trens, nos salões ou nos restaurantes, eram ilimitadas. Com uma pantomima de estilo, Marceau foi reconhecido como fora de série. Seus exercícios silenciosos, que incluíam trabalhos clássicos como A Gaiola, Andando de Encontro ao Vento (que inspirou o passo de dança Moonwalk de Michael Jackson), o Fabricante de Máscara e No Parque, também sátiras de tudo, desde escultores a matadores, foram descritos como trabalhos de gênio. De sua soma das idades no famoso Juventude, Maturidade, Velhice e Morte, um crítico disse, faz em menos de dois minutos o que maioria dos escritores não fazem em volumes.
Após uma excursão pelos Estados Unidos sua carreira decolou. Excursionou por todo o mundo, atuou em diversos filmes e programas de televisão. Criou sua própria escola de mímica em 1978.
O governo francês conferiu a Marceau sua honra mais elevada, fazendo dele "Oficial da Legião de Honra", e em 1978 recebeu o "Medaille Vermeil de la Ville de Paris". Em novembro de 1998, o presidente Chirac nomeou Marceau à grande "Oficial Nacional da Ordem ao Mérito"; e era um membro eleito da Academia de Belas Artes de Berlim, Academia de Belas Artes de Munique, Academia de Belas Artes do Institute de France. Marceau recebeu também o título de Doutor Honoris Causa da Universidade do Estado de Ohio, da Linfield College, da Universidade de Princeton e da Universidade de Michigan.
Em 1999 a cidade de Nova Iorque estabeleceu o dia 18 de março como o "Dia de Marcel Marceau". Marceau aceitou a honra e as responsabilidades de servir como Embaixador da Boa Vontade das Nações Unidas para o Envelhecimento, em assembléia da entidade ocorrida em Madri, Espanha, em abril de 2002.
Faleceu em 26 de setembro de 2007 aos 84 anos por motivos não revelados pela família.
Obrigado, Mime, por ter nos dado tanta elegância, sutileza e beleza através de tanto silêncio.



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