domingo, 18 de março de 2012

Esopo

"Acho que deveríamos colocar Esopo entre os grandes sábios de que a Grécia se orgulha, ele que ensinava a verdadeira sabedoria, e que a ensinava com muito mais arte que os que que usam regras e definições." - La Fontaine.
Na verdade, não há nenhum registro histórico deste sábio, há uma crença que ele existiu, aliás, muito parecido com outro grego notório, Homero. O único registro é que as fábulas a ele atribuídas foram reunidas pela primeira vez por Demétrio de Cúlau, em 325 a.C., mas já havia citações a ele no séc. V a.C. Através dele e de outros parcos registros, imagina-se que foi um escravo liberto por seu último senhor, Xanto. Além disso, que tinha uma aparência bem feia e era corcunda, mas possuía uma sabedoria ímpar, o dom da palavra e a habilidade de contar histórias onde os animais eram personagens principais e que terminavam com tiradas morais. Se atribui a ele a paternidade da fábula como gênero literário.
De qualquer forma, suas fábulas são de extrema sabedoria e sob uma roupagem bem simples e didática, no sentido mais literal da palavra, clássico. Vejam algumas:

O cabrito e o lobo
De casa em que se encontrava, um cabrito viu passar um lobo. Pôs-se a insultá-lo e a escarnecer-lhe. O lobo disse, então:
O insulto não vem de ti, mas do lugar onde estás.
Muitos deixariam de ser valentes diante dos fortes se não estivessem em lugar seguro.

A parede e a cavilha
Uma parede atravessada brutalmente por uma cavilha gritou:
- Por que estás me furando, eu não te fiz nada!
A cavilha respondeu:
- Não sou eu, é alguém que está me batendo violentamente por trás!

A serpente pisoteada
Uma serpente que era frequentemente pisoteada foi pedir a Zeus que a ajudasse. Zeus lhe respondeu:
- Se tivesse mordido o primeiro que te pisou, um segundo não teria feito o mesmo.
Se enfrentares os primeiros que te atacam, os outros te temerão.

A raposa e o lenhador
Uma raposa estava fugindo dos caçadores. Ao ver um lenhador, suplicou-lhe um esconderijo. O lenhador convidou-a a se esconder em sua cabana. Os caçadores não tardaram a chegar e perguntaram ao lenhador se não tinham visto passar uma raposa. Ele disse que não com a voz, mas apontou-lhe com o dedo onde ela estava escondida. Os caçadores não levaram o gesto em consideração, prestando atenção somente no que ele falara. Ao vê-los se afastar, a raposa saiu sem dizer uma palavra. O lenhador repreendeu-a:
- Veja só! Não tens nem mesmo uma palavra de agradecimento para quem te salvou?
A raposa respondeu:
- Eu diria obrigado se tuas palavras estivessem de acordo com teus gestos.
Só quem pensa em fazer o mal é que chama a atenção sobre suas virtudes.

A víbora e a raposa
Uma víbora estava sendo levada pela correnteza de um rio sobre um feixe de espinhos. Ao vê-la, a raposa que passava lhe disse:
- O piloto tem a nau que merece.

A raposa e as uvas
Uma raposa estava faminta e viu um cacho de uvas numa latada. Quis pegá-lo, mas não conseguiu. Ao se afastar disse para si mesma:
- Estão verdes.
O homem que culpa as circunstâncias fracassa e não vê que o incapaz é ele mesmo.

Esopo por Velasquez:

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