quinta-feira, 22 de março de 2012

Mohandas Karamchand Gandhi - "Mahatma"

Deparei-me hoje com um livro que havia dado a minha mãe sobre Gandhi. Não há como não fazer uma menção modesta aqui no blog. Modesta porque creio que qualquer coisa que se escreva ou fale sobre ele assim o será sempre, em vista da magnificência de caráter e atos deste homem.
Li sua autobiografia há algum tempo. Recorro às palavras de Eistein para traduzir a grandeza da personalidade de Gandhi: "Será difícil para as gerações futuras acreditar que uma pessoa como essa, em carne e osso, andou sobre a Terra".
Para os leitores que pouco sabem sobre Gandhi farei uma breve história de sua vida, para quem já o conhece que sirva de memória, que vale sempre a pena resgatar.
Mohandas Karamchand Gandhi nasceu em 2 de outubro de 1869 em Porbandar, Guzerate, Índia. Seus pais eram hindus, e seu pai era o primeiro-ministro local, uma espécie de prefeito. Casou-se com Kasturba em um casamento arranjado, como de costume, aos treze anos. Logo depois foi para Londres estudar direito. Lá teve o primeiro contato com duas leituras que iriam se tornar uma espécie de guia pessoal: O Baghavad-Gita e o Evangelho, mais precisamente o Sermão da Montanha. Formou-se advogado em 1891 e voltou para a Índia. Devido a sua timidez, não conseguiu desempenhar bem o seu trabalho, então aproveitou uma oportunidade para trabalhar em uma empresa indiana na África do Sul. Logo chegando ocorreu um fato que segundo ele próprio mudou completamente sua visão da vida, o embrião dos seus feitos humanísticos: ao pegar um trem para o Transvaal, o guarda que fiscalizava o comboio o viu, e começou a bater-lhe e xingar-lhe sem o menor motivo aparente. Parou o trem e o expulsou a pontapés. O motivo: sua pele escura não lhe permitia viajar naquele vagão. Foi incansável na luta pelos direitos dos imigrantes indianos, e iniciou sua doutrina de resistência pacífica contra a injustiça, o Satiagraha, ou "O caminho da Verdade", o que lhe custou várias prisões ao longo de sua vida. Em uma de suas prisões, em 1907, foi obrigado a trabalhos forçados por dois meses. Trocava correspondências com Leon Tolstói, um dos seus ídolos, e este lhe indicou a leitura de Thoreau. Começa a idéia da desobediência civil, uma das mais poderosas "armas" de Gandhi. Começou a perceber cada vez mais as possibilidades infinitas do "amor universal".
Retorna à Índia em 1915, após mudar radicalmente a vida dos indianos na África do Sul. Inicia sua longa e incansável batalha com a Grã-Bretanha pela independência de seu país. Jamais teve sua convicção de não-violência e tolerância religiosa abaladas, mesmo em situações de extrema violência por parte do governo e do povo. Quando seus compatriotas muçulmanos ou hindus cometiam atos de violência - entre si ou contra os ingleses - ele jejuava até o conflito cessar. Foi chamado de "tropa de paz de um homem só" pelo vice-rei da Índia. A independência chegou em 1947. Porém, para desespero de Gandhi, o país foi dividido em Índia hindu e Paquistão muçulmano. Ele passou os últimos meses empenhado em extinguir a terrível violência que se seguiu. Jejuou até quase morrer, mas pôs fim aos conflitos. Em 30 de janeiro de 48, aos 79 anos, passava por um jardim apinhado de gente para fazer suas preces vespertinas, quando Nathuram Godse, um hindu radical que responsabilizava Gandhi pelo enfraquecimento do novo governo ao insistir no pagamento de certas dívidas ao Paquistão, o assassinou a tiros. Seu corpo foi cremado e as cinzas jogadas no Ganges. Deixou como herança sua fiadeira, seus óculos, a bengala e o exemplo que a humanidade e bondade venceu o maior império da Terra até então.
Nunca venceu o Nobel da paz, ainda que tenha sido sido indicado 5 vezes. O erro foi reconhecido pelo comitê organizador décadas depois, na entrega do prêmio a Sua Santidade O Dalai Lama. O presidente do comitê falou que o prêmio era "em parte um tributo à memória de Mahatma Gandhi".
Foi reconhecido por seu povo e pela humanidade sob o título de "Mahatma", ou A Grande Alma.

"Nada tenho de novo a ensinar ao mundo. A verdade e a não-violência são tão antigas quanto as montanhas. Tudo que tenho feito é realizar experiências em relação a uma e à outra, da forma mais abrangente possível. Ao fazê-lo, às vezes cometi erros - e aprendi com eles. A vida e seus problemas tornaram-se pra mim experimentos na prática da verdade e da não-violência..."

"Não tenho a menor sombra de dúvida de que qualquer pessoa, homem ou mulher, pode alcançar o que alcancei. Basta fazer o mesmo esforço e cultivar a mesma esperança e a mesma fé."

"A força não vem da capacidade física, mas de uma vontade indomável".

"É pelo fato de todos reivindicarem o direito de livre consciência sem exercer qualquer disciplina que há tanta inverdade sendo dita a um mundo perplexo".

"O amor é a força mais sutil do mundo".

"A esposa não é escrava do marido, mas sua companheira e parceira em todas as alegrias e tristezas, tão livre quanto ele para escolher o próprio caminho".

"Liberdade jamais significou licença para se fazer o que quiser".

"A não-violência e a covardia não combinam. Posso imaginar que um homem fortemente armado seja, no fundo, um covarde. A posse de armas implica um elemento de medo, se não de covardia. Mas quem não possui uma coragem inflexível não é capaz da não-violência legítima."

"A não-violência nunca deveria ser usada como escudo para a covardia. Ela é uma arma para os bravos".

"A não-violência não está em amar aqueles que nos amam. Ela só existe quando amamos aqueles que nos odeiam. Sei como é difícil seguir essa grande lei de amor, mas todas as coisas grandes e boas não são difíceis de fazer? Amar a quem nos odeia é a mais difícil de todas. Mas, com a graça de Deus, mesmo essa tarefa se tornará fácil se assim o desejarmos".

'A Bíblia é para mim um livro religioso, como a Gita e o Corão",

" Se tivermos ouvidos para ouvir, Deus nos falará em nossa própria língua, qualquer que seja ela".


Amém, Mahatma Gandhi!





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