sábado, 7 de janeiro de 2012

A Arte de Falar Mal. Cemitério de Praga (2)

Que livro maravilhoso!... Mais uma "provinha". O protagonista, Simonini, em sua arte de falar mal:
Judeus - "...aqueles olhos que nos espiam, tão falsos que nos fazem empalidecer, aqueles sorrisos víscidos, aqueles lábios de hiena arreganhados sobre os dentes, aqueles olhares pesados, infectos, embrutecidos, aquelas dobras entre nariz e lábios sempre inquietas, escavadas pelo ódio, aquele nariz que parece o grande bico de uma ave austral... E o olho, ah, o olho... Gira febril na pupila da cor de pão tostado e revela enfermidades do fígado, corrompido pelas secreções produzidas por um ódio de 18 séculos,(...) além de vaidoso como um espanhol, ignorante como um croata, cúpido como um levantino, ingrato como um maltês, insolente como um cigano, sujo como um inglês, untuoso como um calmuco, autoritário como um prussiano, e maldizente como um astiense, é adúltero por um cio irrefreável..."
Alemães - "... o mais baixo nível concebível de humanidade. Um alemão produz em média o dobro das fezes de um francês. Hiperatividade da função intestinal em detrimento da cerebral(...)é típica do alemão a bromidrose, ou seja, o odor repugnante do suor(...)O alemão vive em um estado de perpétuo transtorno intestinal, resultante do excesso de cerveja e daquelas salsichas de porco com as quais se empanturra(...)O abuso da cerveja torna-os incapazes de ter a mínima ideia da sua vulgaridade(...)Levaram a sério um monge glutão e luxurioso como Lutero, só porque arruinou a Bíblia traduzindo-a para a língua deles. Alguém não disse que abusaram dos dois narcóticos europeus, o álcool e o cristianismo?(...) Desgraçadamente essa língua inexpressiva, com verbos que, ao ler, temos que procurar ansiosamente com os olhos, porque nunca estão onde deveriam estar,(...)"
Franceses - "Não amam seus semelhantes, nem quando tiram vantagem deles.(...)São maus. Matam por tédio. É o único povo que durante vários anos manteve seus cidadãos ocupados em se cortarem reciprocamente a cabeça, e a sorte foi que Napoleão desviou-lhes a raiva para os de outra raça, enfileirando-os para destruir a Europa. Orgulham-se de ter um estado que afirmam poderoso, mas passam o tempo tentando derrubá-lo: ninguém é tão eficiente como o francês em erguer barricadas por qualquer razão e qualquer sussurro do vento(...)O francês não sabe o que quer, exceto que sabe à perfeição que não quer aquilo que tem. E, para dizer isso, não sabe mais do que cantar canções.(...)Talvez sua ignorância seja efeito de sua avareza - o vício nacional(...)Enxertem, como se faz com as plantas, um francês com um judeu (talvez de origem alemã) e terão aquilo que temos, a terceira república..."
Italianos - "Os piemonteses, toda novidade os crispa, o inesperado os aterroriza;(...)napolitanos e sicilianos, eles mesmos mulatos não por erro de uma mãe meretriz, mas pela história de gerações, nascidos de cruzamentos entre levantinos desleais, árabes suarentos e ostrogodos degenerados, que herdaram o pior de seus antepassados híbridos: dos sarracenos a indolência, dos suevos a ferocidade, dos gregos a irresolução e o gosto por se perder em tagarelices até procurar cabelo em ovo.(...)O italiano é inconfiável, vil, traidor, sente-se mais à vontade com o punhal que com a espada, melhor com o veneno que com o fármaco, escorregadio nas negociações, coerente apenas em trocar de bandeira a cada vento(...)"
Os padres - "tenho a obscura lembrança de olhares fugidios, dentaduras estragadas, hálito pesado, mãos suadas que tentavam me acariciar a nuca. Que nojo. Ociosos, pertencem às classes perigosas, como os ladrões e os vagabundos. O sujeito se faz padre só para viver no ócio, e o ócio é garantido pelo número deles. Se fossem, digamos, um em mil almas, os padres teriam tanto o que fazer que não poderiam ficar de papo para o ar comendo capões. E entre os padres mais indignos o governo escolhe os mais estúpidos, e os nomeia bispos. Você começa a tê-los ao seu redor assim que nasce, quando o batizam; reencontra-os na escola, se seus pais tiverem sido suficientemente carolas para confiá-lo a eles; depois vêm a primeira comunhão, o catecismo e a crisma; lá está o padre no dia do seu casamento, a lhe dizer o que você deve fazer no quarto; e no dia seguinte, no confessionário, a lhe perguntar, para poder se excitar atrás da treliça, quantas vezes você fez aquilo. Falam-lhe do sexo com horror, mas todos os dias você os vê sair de um leito incestuoso sem sequer lavar as mãos, e vão comer e beber o seu Senhor, para depois cagá-lo e mijá-lo. Repetem que seu reino não é desse mundo, e metem as mãos em tudo o que podem roubar. A civilização não alcançará a perfeição enquanto a última pedra da última igreja não houver caído sobre o último padre, e a Terra estiver livre dessa corja.(...)A religião impeliu e impele às guerras, aos massacres dos infiéis, e isso vale para cristãos, muçulmanos e outros idólatras, e, se os negros da África se limitavam a se massacrar entre si, os missionários os converteram e os fizeram tornar-se tropa colonial, adequadíssima a morrer na primeira linha e estuprar as mulheres brancas quando entram em uma cidade. Os homens nunca fazem o mal tão completa e entusiasticamente como quando o fazem por convicção religiosa."

3 comentários:

Um outro dia disse...

Muito, muito bom, que cara mais insano e cômico, uma ironia de expressão formidável!continue as postagens para que possamos continuar a ler!

ORFEU disse...

Vocês acham que 'fala mal' ou 'fala bem'?

Pra mim ele fala muito bem.

Se eu gosto do que ele fala...isso são outros quinhentos...

Falar usando as letras é somente uma pintura com tinta preta sobre um papel branco.
O que fica para o leitor é a motivação e as inquietudes do humano por trás da tinta.

rodrigogondim.

Manoel Martins Neto disse...

Muito bons comentários! A idéia é essa...ou melhor, são essas!